Exposição Bruno Segalla – Monumentos e Memórias, uma viagem ao coração de Caxias do Sul

Publicado em 30 de setembro de 2024

Uma exposição que transforma história em experiência viva

Em 24 de setembro de 2024, o Instituto Bruno Segalla abriu as portas para um mergulho profundo na identidade de Caxias do Sul. A exposição “Bruno Segalla – Monumentos e Memórias” não foi apenas uma mostra de arte — foi um convite para enxergar a cidade através dos olhos e das mãos de um dos seus maiores escultores. Ao longo de quase nove meses, o público pôde conhecer de perto esboços, fotografias, ferramentas e esculturas que revelam não só o processo criativo de Bruno Segalla, mas também o papel que seus monumentos desempenham na construção da memória coletiva da cidade.

Bruno Segalla: o artista que esculpiu a memória da cidade

Bruno Segalla (1923–2003) foi mais que um escultor: foi um cronista visual da história de Caxias do Sul. Suas obras, espalhadas por praças e espaços públicos, eternizam personagens e momentos que moldaram a identidade local. Monumentos como o de Ana Rech, o do Padre Eugênio Ângelo Giordani e o do Dr. Henrique Ordovás Filho não são apenas esculturas — são marcos afetivos que contam histórias de coragem, fé, trabalho e transformação social.

A exposição reuniu não só o resultado final dessas obras, mas também o caminho até elas: esboços originais, fotografias raras do artista em ação, registros de ferramentas e materiais que moldaram o bronze. Para muitos visitantes, foi a primeira vez que viram o “bastidor” do fazer artístico, um território de experimentação, técnica e sensibilidade.

Da pesquisa à curadoria: um trabalho coletivo

A mostra nasceu de uma pesquisa histórica conduzida pela historiadora Ana Paula de Almeida, que investigou a concepção e execução de seis monumentos assinados por Segalla. O trabalho envolveu consultas ao acervo do Museu Instituto Bruno Segalla, ao Arquivo Histórico Municipal e entrevistas com pessoas ligadas às obras.

A curadoria foi compartilhada entre Ana Paula de Almeida, Mariana Duarte e a fotógrafa Liliane Giordano. Essa diversidade de olhares trouxe equilíbrio entre o rigor histórico, a mediação pedagógica e a potência estética da fotografia. O resultado foi um percurso expositivo que unia documentação e emoção, técnica e poesia.

Um espaço de encontro e aprendizado

O espaço expositivo, localizado no Campus 8 da Universidade de Caxias do Sul, foi adaptado para receber também visitas mediadas e atividades educativas. A mostra se tornou parte integrante das oficinas de educação patrimonial do projeto Museus, Monumentos e Memórias, servindo de ponto de partida para discussões sobre identidade, cidadania e memória.

Curiosidades e bastidores

  • Ferramentas originais: o público pôde ver as mesmas espátulas, usadas por Segalla — algumas marcados pelo desgaste de décadas de uso.
  • Esboços à mão livre: a exposição revelou como Segalla traduzia ideias para o papel antes de transformá-las em volumes e texturas.
  • Fotos raras: registros do artista trabalhando em seu ateliê, lidando com moldes, mostraram a dimensão física e técnica de sua obra.

Esses elementos deram à exposição um caráter íntimo, quase como folhear o diário de um artista.

Mais que arte: um ato de preservação

A importância da mostra vai além da experiência estética. Ao documentar e expor o processo criativo e a história dos monumentos, o Instituto Bruno Segalla reforça o compromisso com a preservação da memória cultural de Caxias do Sul. Em tempos de transformações rápidas e ameaças ao patrimônio histórico, iniciativas como essa ajudam a manter viva a relação da comunidade com seus símbolos.

Conclusão: um legado que se renova

“Bruno Segalla – Monumentos e Memórias” foi mais que uma exposição, foi um reencontro. Ao aproximar o público das obras e do processo de criação, a mostra fortaleceu o sentimento de pertencimento e o reconhecimento do patrimônio como parte viva da cidade.

O Instituto Bruno Segalla reafirma, assim, sua missão de educar, preservar e inspirar, criando pontes entre gerações e garantindo que o legado de Segalla continue a dialogar com o presente e o futuro.