Uma jornada de descobertas pelo patrimônio e pela própria identidade
Entre setembro e novembro de 2024, o Instituto Bruno Segalla deu início a uma das etapas mais transformadoras do projeto Museus, Monumentos e Memórias, as oficinas de educação patrimonial voltadas para estudantes da rede pública.
Foram encontros, caminhadas, conversas e criações artísticas, conduzindo os jovens por um percurso que ia além do conteúdo escolar, uma experiência de conexão real com a cidade e com sua história.
O que é educação patrimonial?
A metodologia que guiou as oficinas é chamada de educação patrimonial. A ideia é simples e poderosa. ensinar a “ler” e interpretar o patrimônio cultural como se fosse um texto vivo, cheio de significados.
No caso de Caxias do Sul, essa leitura passou por museus, memórias e, especialmente, pelos monumentos de Bruno Segalla, escultor que deixou marcas indeléveis na paisagem e na identidade local.
Quatro escolas, três encontros, muitas histórias
As oficinas de 2024 atenderam quatro escolas públicas, selecionadas por edital. Cada turma participou de três encontros complementares, pensados para estimular diferentes formas de olhar e de criar:
- O Meu Tesouro
- Os alunos visitaram a exposição permanente do Instituto Bruno Segalla.
- Refletiram sobre o que é patrimônio e como ele preserva histórias.
- Criaram uma “caixa de tesouros”, reunindo desenhos, frases, recortes, músicas e lembranças pessoais, um museu portátil da própria vida.
- Nosso Percurso
- Saída a campo para visitar os monumentos de Bruno Segalla.
- Observação dos materiais, técnicas e relação das obras com a cidade.
- Discussões sobre conservação e preservação, com propostas criativas para melhorar a visibilidade e o cuidado com as peças.
- Fazendo Arte
- Produção artística em grupos, reinterpretando os monumentos visitados.
- Criação de peças visuais que dialogam com a memória coletiva.
Patrimônio como experiência, não como teoria
Para muitos alunos, foi a primeira vez que entraram em um museu ou que observaram atentamente um monumento. O impacto foi imediato, relatos de surpresa ao descobrir que esculturas vistas “de passagem” no dia a dia tinham histórias profundas e estavam ligadas a personagens reais da cidade.
As visitas mediadas mudaram o ritmo da relação com a cidade. Ao invés de atravessar espaços apressadamente, os estudantes aprenderam a parar, olhar, comparar e questionar.
Momentos marcantes
- Uma aluna, ao visitar o monumento a Ana Rech, comentou que a história da personagem parecia com a de sua própria avó, imigrante que chegou à cidade com poucos recursos, mas muita força de trabalho.
- Um grupo propôs que, além de conservar os monumentos, a cidade criasse placas com QR Codes para contar suas histórias em vídeo e áudio.
- Durante a oficina “O Meu Tesouro”, um estudante incluiu na caixa uma foto do seu time de futebol do bairro, dizendo que “isso também é patrimônio, porque é parte da vida da comunidade”.
Resultados que se multiplicam
Mais do que produtos artísticos, as oficinas deixaram um legado de consciência patrimonial. Professores relataram que os alunos passaram a comentar nas aulas sobre a importância de preservar espaços e obras públicas. Algumas turmas decidiram criar pequenos inventários fotográficos dos patrimônios próximos à escola, inspiradas pelas atividades.
Conclusão: formando novos narradores da história local
As Oficinas 2024 mostraram que, quando crianças e adolescentes se apropriam do patrimônio, eles se tornam narradores ativos da história da cidade. Não é apenas sobre “aprender”, é sobre sentir que esse patrimônio também lhes pertence. O Instituto Bruno Segalla reforça, assim, sua missão de educar para preservar e de criar experiências que transformem conhecimento em pertencimento.



